domingo, 29 de janeiro de 2012

QUEM DETERMINA O FATO HISTÓRICO?

Texto de Jaime Pinsky por Sunamita Oliveira


O que é a verdade? Ela se aplica a todos os mortais? Não seria a verdade, seja ela de qualquer raiz ou espécie, uma convenção meramente destinada a corresponder os ideiais de um determinado grupo, seja por conveniência, acomodação ou imposição, com intuito manipulador? Creio que as perguntas movem o mundo, tal qual apropriadamente cita-se em um conhecido comercial da televisão brasileira.
A história do Brasil começou a ser escrita sob a ótica de uma verdade, a partir de 1500, e hoje sabemos não ser aquela a verdade absoluta dos fatos. Onde pretendo chegar com estas indagações e observações? Desde a apropriação da escrita pelo homem, temos relatos de fatos ocorridos em diversas partes do mundo, onde alguns seres humanos foram considerados inferiores a determinado grupo que detinha o poder, ora pela cor de sua pele, ora por suas crenças (ou falta delas).
Tudo que fosse contrário ao que era pregado por determinado grupo ou indivíduo, como no caso do período absolutista, onde o rei tinha a supremacia das decisões políticas e até religiosas, era submetido a castigos severos ou até mesmo a morte.
Através  desta forma de dominação e controle das massas, se apregoou, por exemplo, com a entrada do cristianismo em países como o nosso, o conformismo, uma vez que, ser pobre (dentre outras mazelas), passa a ser um castigo divino concernente dos pecados humanos. Essa postura de um grande número de pessoas inquietou muitos pensadores, dentre os quais destaco Karl Marx, a quem atribuem a frase: “A religião é o ópio do povo”.
Polêmicas à parte, destaco também a questão levantada por Jaime Pinsky sobre a “democracia” racial brasileira. Com todo respeito que me é devido ao grande  Gilberto Freyre, por ser precurssor de um grande debate e por ter “colocado o dedo em nossa ferida”, de certa forma, só agora no século XXI é que começamos a compreender, com mais clareza o contexto de Casa Grande e senzala, e algumas expressões do autor que colocava o açúcar e as frutas tropicais nas mãos das negras africanas, para adoçar a boca de seus algozes, perpetuando a figura do negro como vítima, sem permitir-lhe ser protagonista de sua própria história, tal qual nossos nativos.
Recentemente, um professor de História fez a seguinte observação: “...conheci os índios selvagens do Pará”. Não questionei no momento, apenas refleti sobre o quanto ainda precisamos tirar as armaduras que atrapalham e impedem nosso crescimento, tanto como indíduos melhores, menos rudes e preconceituosos, quanto como profissionais que façam a diferença em sua atuação, contribuindo de forma significativa com nossa própria história.

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