domingo, 13 de maio de 2012

CONVOCAÇÃO - ASSEMBLÉIA DOS PROFESSORES DE GRAVATÁ!!!

O SIPROG (SINDICATO DOS PROFESSORES DE GRAVATÁ) REALIZARÁ UMA ASSEMBLEIA AMANHÃ (14), AS 9 H, NO C.D.G, PARA REPASSE DE INFORMES SOBRE REUNIÃO REALIZADA COM O EXECUTIVO, SEXTA-FEIRA(11).
PROFESSOR, SUA PRESENÇA É ESSENCIAL NESTA LUTA!
PARTICIPE!
VALORIZE-SE!!!
LEMBRE-SE: VOCÊ NÃO É UM ESMOLÉU!!
SALÁRIO É DIREITO, E DEVE SER PAGO NA INTEGRA, NÃO EM MIGALHAS!!
VOCÊ FAZ UM TRABALHO POR INTEIRO. 
NÃO ACEITE MIGALHAS!!!
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REFLITAM, POR FAVOR!!


PODEMOS SER PEQUENOS/AS, COMO AS FORMIGAS, MAS, SÃO ELES QUE PRECISAM DE NÓS!
ESTE ANO HAVERÁ ELEIÇÕES!
O PODER ESTÁ EM NOSSAS MÃOS!!!
UNIDOS, PODEMOS MUITO MAIS!!!!

domingo, 29 de janeiro de 2012

QUEM DETERMINA O FATO HISTÓRICO?

Texto de Jaime Pinsky por Sunamita Oliveira


O que é a verdade? Ela se aplica a todos os mortais? Não seria a verdade, seja ela de qualquer raiz ou espécie, uma convenção meramente destinada a corresponder os ideiais de um determinado grupo, seja por conveniência, acomodação ou imposição, com intuito manipulador? Creio que as perguntas movem o mundo, tal qual apropriadamente cita-se em um conhecido comercial da televisão brasileira.
A história do Brasil começou a ser escrita sob a ótica de uma verdade, a partir de 1500, e hoje sabemos não ser aquela a verdade absoluta dos fatos. Onde pretendo chegar com estas indagações e observações? Desde a apropriação da escrita pelo homem, temos relatos de fatos ocorridos em diversas partes do mundo, onde alguns seres humanos foram considerados inferiores a determinado grupo que detinha o poder, ora pela cor de sua pele, ora por suas crenças (ou falta delas).
Tudo que fosse contrário ao que era pregado por determinado grupo ou indivíduo, como no caso do período absolutista, onde o rei tinha a supremacia das decisões políticas e até religiosas, era submetido a castigos severos ou até mesmo a morte.
Através  desta forma de dominação e controle das massas, se apregoou, por exemplo, com a entrada do cristianismo em países como o nosso, o conformismo, uma vez que, ser pobre (dentre outras mazelas), passa a ser um castigo divino concernente dos pecados humanos. Essa postura de um grande número de pessoas inquietou muitos pensadores, dentre os quais destaco Karl Marx, a quem atribuem a frase: “A religião é o ópio do povo”.
Polêmicas à parte, destaco também a questão levantada por Jaime Pinsky sobre a “democracia” racial brasileira. Com todo respeito que me é devido ao grande  Gilberto Freyre, por ser precurssor de um grande debate e por ter “colocado o dedo em nossa ferida”, de certa forma, só agora no século XXI é que começamos a compreender, com mais clareza o contexto de Casa Grande e senzala, e algumas expressões do autor que colocava o açúcar e as frutas tropicais nas mãos das negras africanas, para adoçar a boca de seus algozes, perpetuando a figura do negro como vítima, sem permitir-lhe ser protagonista de sua própria história, tal qual nossos nativos.
Recentemente, um professor de História fez a seguinte observação: “...conheci os índios selvagens do Pará”. Não questionei no momento, apenas refleti sobre o quanto ainda precisamos tirar as armaduras que atrapalham e impedem nosso crescimento, tanto como indíduos melhores, menos rudes e preconceituosos, quanto como profissionais que façam a diferença em sua atuação, contribuindo de forma significativa com nossa própria história.

Memória como fonte histórica

Diversos pesquisadores e estudiosos consideram a história oral como fonte identitária de um povo, capaz de retratar as realidades, as vivências e os modos de vida de uma comunidade em cada tempo e nas suas mais variadas sociabilidades. Esse tipo de fonte não só permite a inserção do indivíduo, mas o resgata como sujeito no processo histórico produtor de histórias e feitos de seu tempo.
Para o professor Antonio Roberto (2009), no caso específico do Brasil, a valorização da memória como fonte é de suma importância, pois as características da sociedade brasileira foram sempre pautadas por um autoritarismo profundo e dicotômico, dividindo sempre o povo brasileiro em rico e miserável, letrado e analfabeto, latifundiário e escravo, mandante e mandado. Por conta dessa inegável realidade, a história brasileira, muitas vezes, contou a história vista de cima, oficializada, valorizando grandes feitos praticados pelos heróis nacionais reconhecidos pela classe dominante. A exemplo disto, o célebre livro Casa Grande e Senzala, do escritor Gilberto Freyre, que embora não ousemos negar sua relevância, sabe-se que foi escrito de dentro da Casa Grande.
Ainda hoje é relutante a história contada acerca dos nativos brasileiros, que mantém a ótica do colonizador, um benfeitor, desbravador que trouxe o progresso, além dos jesuítas que os acompanharam, que de bandeja, trouxeram um “deus”, terrível.
Esse preconceito advindo da quase perpetuação da falta de esclarecimento, recentemente provocou um tremendo mal-estar entre ativistas, indigenistas e os próprios povos indígenas brasileiros, em decorrência de um slogan criado pela empresa Aracruz, no Paraná, que em um outdoor expunha seu preconceito, discriminação e desrespeito: “A Aracruz trouxe os progresso, a FUNAI, os índios.”
O problema da verdade histórica é abordado a partir da memória como fonte alternativa de reconstrução do passado, proporcionando, no presente, vez e voz aos discriminados, oprimidos, menosprezados e ofuscados pelo discurso do poder. Com efeito, esse tipo de discurso fora utilizado durante muito tempo pela historiografia tradicional, que priorizava a História oficial ou vista de cima, com base em documentos escritos de cunho político governamental selecionados tendenciosamente como única fonte credora de confiabilidade.
Um exemplo de como pode ser significativo um trabalho acerca da memória de um povo, nos reporta ao povo Xukuru do Ororubá (PE). É a partir de suas memórias que os Xukuru do Ororubá lêem a história para justificar a reivindicação de seus direitos à terra, originalmente herdadas de seus ancestrais que habitavam a Serra do Ororubá, no município de Pesqueira (PE). De acordo com o relato dos mais velhos, ainda no século XIX, quando da participação dos índios, como voluntários da pátria, na Guerra do Paraguai, o território foi-lhes garantido pelo Governo Imperial.
De acordo com o pesquisador Edson Hely (2008), “as memórias orais, como as do povo Xukuru nos ajudam a entender como pessoas e grupos experimentaram o passado e torna possível questionar interpretações generalizantes de determinados acontecimentos e conjunturas.”
Para não perder a legitimidade e fidelidade dos relatos orais, o pesquisador deve preferencialmente realizar entrevistas com questões abertas, para favorecer o/a entrevistado/a com um relato mais livre e amplo, interrompendo algumas vezes quando necessário para um melhor esclarecimento dos assuntos narrados.
É importante também que os textos sejam transcritos por uma outra pessoa, para o papel, afim de  que as impressões pessoais do pesquisador não comprometam a lisura do trabalho.


Fontes de Pesquisa:

Roberto, Antonio. Artigos – Memória.
Disponível em: http://www.webartigos.com
Acesso em: 19 de Out. 2010- 13h 40 min

Silva, Edson Hely. Xukuru: memórias e histórias dos índios da Serra do Ororubá (Pesqueira/PE), 1959-1988/Edson Hely Silva. - Campinas, SP:[s.n.],2008.

PAULO CREMILDO BATISTA DE OLIVEIRA: O PADRE-PREFEITO DE GRAVATÁ (1977 A 1983)

INTRODUÇÃO

O Padre Cremildo Batista de Oliveira (nome de batismo), nasceu aos 18 de outubro de 1930, em São Joaquim do Monte, PE. A data de seu nascimento não condiz com seus documentos de identificação  (anexos) existentes na Casa Paroquial, que constam de 18 de fevereiro de 1930. A data naõ foi aterada por ele e, sempre quando fazia referencia ao seu nascimento, dizia ele, que teria havido um erro no ato de seu registro e que o mesmo não se interessava em retificar. Foi levado a Pia Batismal, no dia 21 do mesmo mês, sendo seu batismo celebrado pelo Mons. Bernardinho de Carvalho. Filho legítimo de pais camponeses, Firmino Batista de Oliveira e Luzia Maria de Oliveira. Ingressou no Seminário no dia 14 de fevereiro de 1945.
Recebeu aos 26 de dezembro de 1953, permissão da autoridade diocesana para antepor ao seu nome de batismo o nome de “Paulo” conforme solicitação feita,  na qual expressava seu desejo em ter o nome de um apóstolo de Jesus, sendo apoiado por seus familiares.
Durante seu sacerdócio, exerceu os seguintes cargos: Vigário cooperador e Capelão do Colégio N. Sra. Das Dores, em Bezerros. Vigário Cooperador de São Miguel, Sairé, e 1957 a 1960. Vigário substituto e Ecônomo do Bonito, de 1961 a 1964 (fevereiro). Pŕo-pároco, Vigário Ecônomo de Gravatá, de 01 de março de 1964 até a data de seu falecimento aos 68 anos de idade em 29 de dezembro de 1998.
Foi agraciado com o título de Cônego e, a 22 de janeiro de 1981, com o título Pontificio de Monsenhor Capelão de sua Santidade João Paulo II. Além dos cargos eclesiáticos, desempenhou o ofício de Prof. em Bezerros, Bonito e Gravatá. Em 1972, revalidou o curso Filosófico na Universidade Católica do Recife. No dia 15 de novembro de 1976 foi eleito Prefeito de Gravatá, tomando posse no Governo Municipal no dia 31 de janeiro de 1977, governando o município até 31 de janeiro de 1983.

1.    INGRESSO NA POLÍTICA MUNICIPAL


Em um artigo resultante de um projeto de pesquisa, os professores Lenilson Batista, Maria José da Silva e Ângela Maria (2005), descrevem o momento político, na ocasião da chegada do Padre Cremildo no município de Gravatá, em 01 de março de 1964, com 34 anos de idade, afirmando que era uma época em que  o Brasil começava a entrar num período tenebroso de sua história republicana. Acrescentam eles o infome de que

[…] numa época em que a democracia – regime pelo qual o povo exercita sua liberdade – sai de cena para ser introuzida à ditadura militar, apoiada por políticos partidários da UDN,PSD,PSP e, também pela elite econômica que usando o artifício de restabelecer a “ordem” demonstrva interesses de cada vez mais concentrar renda. Assim,ainda nos anos 60, pasa a vigorar no cenário nacional as perseguições aos políticos  de esquerda (tachados de comunistas). Sucediam violentas prisões e torutras contra os vencidos; contra os pensadores da época, jornalistas, cantores, professores, estudantes, líderes sindicais, ou seja, todos aqueles que por algum motivo expressavam suas ideias contra o governo. (ALBUQUERQUE; BATISTA; SILVA,2005).


Padre Cremildo se tornou cidadão gravataense no dia 17 de outubro de 1969, após vários serviços prestados à Paróquia e à comunidade.
Em 1972, durante as eleições para prefeito e vereadores, o Cônego Cremildo começa a demonstrar indignação com a situação política do município, pois neste pleito havia apenas um candidato a prefeito de Gravatá, o candidato da ARENA (Aliança Renovadora Nacional), o senhor Aarão Lins de Andrade, um dos membros da oligarquia que dominava o município havia algumas décadas e, pleiteava o seu terceiro mandato. A partir deste quadro, o Padre Cremildo começa sinalizar contra aquela situção estagnada `a qual viviam seus munícipes. Aos poucos assimila os anseios da comunidade tornando-se um oposisionista explícito.
A partir de 1975, o Padre assume publicamente sua postura política partidária quando se filia ao MDB, tornando-se posteriormente presidente municipal desse partido.
De acordo com Batista (2005), “no ano de 1976, a comunidade gravataense acolhe com entusiasmo a candidatura do Padre Cremildo ao pleito municipal (...) um sarcerdote naquela ocasião era tudo que o povo ressentido e insatisfeito com a administração municipal ansiava”.
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Durante a campanha eleitoral, Padre Cremildo foi duramente criticado por seus adversários que, “sequer pouparam a figura do líder religioso e, em muitas vezes não distinguiram o sacerdote do político, o santo do profano, as coisas de Deus das coisas mundanas”.(BATISTA, 2005).
Por outro lado, segundo relata D. Tereza , era aclamado pelos populares que, muitas vezes o impediam de andar com suas próprias pernas e pés (literalmente), carregando-o nos ombros durante os comícios, até sua residência.
No dia 15 de novembro de 1976, o candidato do MDB Padre Paulo Cremildo Batita de Oliveira foi eleito pelo voto popular com 6 345 votos, tendo uma margem de 1 981 votos sobre o candidato da ARENA Dr. Paulo da Veiga Pessoa, que obteve 4 364 votos.


2.    O MANDATO

Alguns fatos tornaram-se inéditos na administração política do Padre Cremildo em Gravatá. Vários relatos dão conta de que ele contratou um serviço de som, através do qual fazia prestação de contas diariamente à população sobre a receita e a saida, quem nomeou, quem demitiu, enfim, de tudo o que ocorria na prefeitura, conforme  testemunho dado pelo Sr. Valdomiro Queiroz, seu vice-prefeito, em entrevista realizada no ano de 2005  pelos professores Lenilson Batista e Maria José da Silva, em Gravatá.
Com os poucos recursos existentes no município, realizou algumas obras importantes, dentro de suas limitações, como a construção de algumas escolas, especialmente na zona rural do município, facilitando o acesso dos alunos; construiu postos de saúde com atendimento  odontológico; realizou a construção do calçamento de várias ruas na zona urbana, como a exemplo da Rua Dr. Amaury de Medeiros; providenciou a construção de pontes, mesmo que um tanto rudes, facilitando o acesso dos moradores da zona rural; favoreceu a eletrificação de algumas áreas na zona rural, como no distrito de Avencas; construiu e reformou praças mas, especialmente, é lembrado com reverência, até mesmo por históricos inimigos políticos, por ter realizado um governo irretocável, do ponto de vista da moralidade, da ética e do trato para com a coisa pública.
Sabe-se que o pacato padre terminou seu mandato com o mesmo saldo financeiro que tinha antes de iniciá-lo. A respeito desse assunto, discursou o Mons. Cremildo, durante quarenta minutos,  na posse de seu sucessor, o Padre Joselito,  à paróquia de Sant'Ana          

(…) Para todos sempre dirigi a minha palavra, não minha, mas a palavra de Jesus Cristo. Talvez eu tenha sido enfadonho, demorado, mesmo quando eu exerci uma atividade extra-eclesiástica, mesmo assim eu fiz desta comunidade, desta oportunidade um momento de catequizar e de evangelizar. Não explorei a coisa pública. Não! Mas procurei criar uma consciẽncia nova em nosso povo... uma consciẽncia política nova. Não me arrependo do cargo que exerci, jamais! (…) “Esta é a missão dos sacerdotes, comandarem o povo de Deus pelas estradas da vida em demanda da casa do Pai”.(...)


Para esta geração, doze anos após seu falecimento, se apregoa a impressão positiva acerca de seu carater indelével, cujos preceitos interferiu de forma ímpar na postura  e na vida de seu povo, fossem eles religiosos, militantes ou seguidores de suas ideias políticas. Sua personalidade aguçou a criticidade da população que ou o venerava como um mestre, ou discordando de seus discursos de “verdades” contraditórias, o respeitava, porém com um certo desprovimento de afeto. Entretanto, inevitável dizer que foi o Padre Cremildo – meramente pelo fato de conciliar “com êxito” duas funções extremamente opostas – um grande líder sacerdotal e político na conjuntura histórica da cidade de Gravatá.

“É inquestionável as conquistas obtidas pelo Monsenhor Cremildo no campo social e cristão junto à nossa comunidade. A história de nosso povo registra, com muito destaque, apresença marante desse sacerdote, que também foi prefeito”. (…) “governou com o povo e para o povo”.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Durante a realização deste trabalho, foi possível constatar e com tristeza, a falta de registros, nos órgãos públicos municipais, como a Casa da Cultura e o Memorial de Gravatá, do trabalho realizado pelo Padre Cremildo durante sua atuação como prefeito de Gravatá.
Esta pesquisa só foi possível graças a dedicação de uma senhora simpática e de hábitos de vida simples, que guarda há 37 anos, todos os pertences do padre. Desde fotos, escritas no verso de próprio punho por ele, documentos pessoais, correspondências, jornais e várias demonstrações de afeto dos municípes para com o padre, até objetos de mero valor sentimental mas, incomensurável para esta fiel guardiã da memória do Padre-prefeito, que para ela, era um amigo, um pai, tal qual sua irmã D. Helena, que era para ela uma mãe.
Essa experiência proporciona uma reflexão sobre o tratamento que é dado atualmente ao passado, como se nele não habitasse os ensinamentos devidos para evitar erros no presente e, ampliar as perspectivas de futuro.
Tal qual já foi dito por algum pensador, é plausível repetir que “ um povo sem memória é um povo sem futuro, sem história”.


REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS

A GAZETA DO AGRESTE, Gravatá, ano 05, nº 50, jan. 1999.

ALBUQUERQUE,  Ângela Maria de; LIMA, Lenilson Batista; SILVA, Maria José. O Sacerdócio e o mandato: as ações do padre Cremildo em Gravatá. (Artigo escrito como resultado de um Projeto de Pesquisa, no curso de pós-graduação e especialização em História Geral. FAINTVISA. Vitória de Santo Antão, maio. 2005)


FONTE ORAL

ENTREVISTA:
D. Tereza Maria da Silva, Gravatá, dezembro/2010.

sábado, 28 de janeiro de 2012

COMPREENDER O PASSADO PELO ESTUDO DO HOJE – A MISSÃO

O filme relata, de forma até sutil, se for comparada aos relatos dos guarani atualmente, um dos muitos massacres impostos aos povos indígenas, neste caso, ao que hoje se conhece por Tríplice Fronteira entre o Brasil, Paraguai e Argentina.
Não sei se por conhecer um pouco da história da Guerra Guaranítica, por meio dos relatos dos guaranis que habitam ainda hoje aquela região, e com os quais mantenho contato periódico, ainda não consigo contemplar que tipo de aprendizado este evento trouxe para os ainda membros da classe dominante, que deixaram tão somente de ser vestir como bandeirantes, e hoje usam colarinho e gravata, e tem seus altos salários pagos por pessoas como eu e a senhora.
Os massacres continuam, a ocupação dos territórios continua, as invasões de religiosos, que só mudaram o nome de jesuítas para vários outros codinomes permanece, tentando impor seu deus, suas crenças, seus valores e sua cultura aos guarani do Rio Grande do Sul, do Paraná, de Santa Catarina, e aos que vivem do outro lado do rio Uruguai, após expulsos do território brasileiro por conta do Tratado de Madrid.
Neste último inverno, vivemos um dos piores períodos da década. Fome e frio trouxeram dor e morte aos guarani, que vivem em pequenos trechos de terra, marcados pelo governo, acuados, tratados mais uma vez, tal qual relata o filme, como animais selvagens.
Em São Miguel (antes chamada de Caiboté Grande), ainda se pode ver as ruínas de uma das construções jesuíticas erguidas pelos nativos, bem como um monumento de aproximadamente cinco (05) metros, para lembrar as milhares de vidas que foram ceifadas, os guarani vivem como mendigantes. Não há caça, não há pesca,  e o pouco que  lucram com o artesanato que fabricam, muito mal lhes garante a alimentação.
O principal aspecto sensacionalista do filme, para mim, é a penitência a que se submete o Capitão Rodrigo Mendonza (comportamento ensinado e adotado pela igreja). Sem pretensão de estender esta critica, por enquanto, recentemente morreu um padre em Recife após se submeter a um auto-flagelo. Nota-se que a “ideologia” da igreja pouco (ou nada) avançou ao longo dos séculos. Perdoe-me, mas não acredito mais em Papai-Noel!
Há um consenso entre todos os criticos que já escreveram sobre este filme, similar ao que pensam indigenistas, dentre os quais me incluo: A Missão relata através da história da Missão de São Carlos comandada pelo Padre Gabriel (Jeremy Irons) todos os meandros da colonização desenfreada da América do Sul. Podemos ver no filme a discriminação que os índios sofriam dos colonizadores que os tratavam como meros “animais selvagens”; a escravidão que foi imposta a uma enorme quantidade deles; a luta pelo controle de terras indígenas colonizadas; a Igreja que praticamente os abandonou quando viu que estava perdendo o controle (leia-se poder) na região, e simplesmente deixou acontecer os massacres; e, claro, os jesuítas que acabaram se voltando contra os colonizadores e contra a própria Igreja, na busca pela proteção dos índios e de suas terras.
Depois dessa cena com o padre sendo jogado no rio, somos apresentados ao personagem de Jeremy Irons, padre Gabriel. Um missionário jesuíta que vai tentar um contato com uma tribo de índios guaranis. Começamos vendo a dificuldade que ele tem para chegar ao local onde está a tribo, quando tem que atravessar um rio, escalar uma cachoeira e depois adentrar a floresta. E é quando Gabriel encontra os índios que temos uma cena onde já se destaca um dos elementos chaves do filme: A Música.
Tendo a dificuldade de comunicação com eles, pela falta de conhecimento de seu dialeto, Gabriel apela para uma flauta. Ele toca uma música que desperta a curiosidade dos índios, que mesmo após a ira de um deles (um índio mais velho da tribo quebra a tal flauta) acabam por aceitar a presença dele. O problema de comunicação que poderia haver, não existe mais; e esse é o primeiro elo que se forma entre o padre e os índios.
 Numa dessas cenas, ele coloca em frente de uma platéia um pequeno índio cantando, e logo se vê como algumas pessoas ficam maravilhadas ao ouvir um índio cantando de tal forma. São cenas como essa que o filme mostra a música como sendo uma linguagem universal que ultrapassa barreiras culturais, de linguagens, de idiomas e dialetos. A trilha sonora é um dos alicerces de “A Missão”.

sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

A cientificidade da História

Resenha do texto: "A cientificidade da História, o Iluminismo e a Era das revoluções"(UFRPE)

 Por Sunamita Oliveira

Há um certo consenso entre pesquisadores de que o papel da história é desenvolver a criticidade e mostrar possibilidades de melhoramentos no presente através do passado, não é regra trazermos à tona objetos nunca vistos até então, seja do presente, do passado ou especulações futuras, mas, devemos refletir sobre como, onde e porque se vê. São as “tensões” sociais que criam o discurso histórico e, sobretudo um intelectual da história não faz experimentos virtuais ou reais, não tem por espaço o laboratório, ele precisa interagir absolutamente com seu objeto que na prática não está completamente no passado nem no presente, ou seja, os modelos e estruturas do laboratório, as possibilidades de se chegar a verdade “científica” não nos modelam, mas, nos interessa enquanto ação humana e capaz de historicidade, de controversas, principalmente para aqueles que se ocupam da história das ciências.
Afirmar que história não é uma ciência, assim como a filosofia, é diminuir o seu grau de importância? Por quê? Já é hora dos profissionais da história definir melhor seus conceitos de cientificidade, bem como, se desnudar de preconceitos ou valores hierárquicos que incomoda aos historiadores quando são apontados de não científicos.
Veyne ao questionar se a história é uma ciência, ressalta que embora a esperança científica do século XX foi a de constituir uma física do homem, “tal como foi a física do século XVII”, a história não é e nunca será essa ciência: “[...] mais ainda a História da qual se fala muito desde há dois séculos, não existe”. (1971, p. 10).
Para Veyne, (citado por Cordova, 2006) o que poderia existir então seria a afirmação de que a história constitui-se numa narrativa verídica, em que “[...] os historiadores narram acontecimentos verdadeiros que tem o homem como ator”. Se desde os sucessores de Aristóteles esta é a resposta à questão sobre o que é a história e qual a sua cientificidade, deve-se levar em conta que uma ciência humana não pode ser caracterizada por um “debate vão de palavras”, pois palavras podem revelar ideias, ordenações do saber e o próprio sentido epistemológico da história enquanto ciência humana:
Não, não é um debate vão saber se a história é uma ciência, porque “ciência” não é um vocábulo nobre, mas um termo preciso e a experiência prova que a indiferença pelo debate das palavras se acompanha ordinariamente da confusão de ideias sobre a coisa em si. (VEYNE, 1971, p. 13).

Haydew Write relata que a História é uma arte literária de menor valor, portanto não é uma ciência. Porém, Lucien Febvre e Marc Bloch, afirmam que a História é uma ciência humana que trabalha as verdades possíveis de outro olhar, com métodos e objetivos próprios, usa métodos racionais que buscam a lógica para comprovar o que fala.
O conceito que se tornou muito utilizado na academia de que História é uma ciência que estuda o homem e as sociedades humanas no tempo, hoje já pode está precisando de um complemento ou uma ampliação, haja vista que existem tantos caminhos que são utilizados pelos historiadores para a pesquisa histórica, pois o homem está envolvido em vários contextos da ação e da experiência humana.
Para a historiadora Vavy Pacheco Borges, a história é um termo com o qual vivemos diariamente desde nossa infância, que não podemos concebê-la como um passado distante e morto, mas de uma forma que possamos acreditar que o conhecimento histórico possa ajudar a explicar a realidade e transformar as ações humanas que estão presentes em nossas vidas hoje. Segundo a visão dessa historiadora, para melhor compreensão da ciência histórica, precisamos partir da história da História, ou seja, as primeiras concepções que envolvem o misticismo, a religião, que coloca o homem em segundo plano e passivo das ações dos deuses que estão em primeiro plano, uma história não científica, pois ainda não estavam estabelecidos os métodos de análise, etc. História baseada em mitos era concebida como um passado tão distante, tão remoto e por ser delimitado um tempo cronológico e o espaço territorial onde ocorreu o processo histórico, não havia cientificidade, pois não sabiam quando se deu o fato. Eram fatos mitológicos e não históricos.
Ciro Flamarion Cardoso, diante de todas as discussões travadas por muitos teóricos nas diversas áreas da Filosofia e das ciências humanas, conclui que "a História é uma ciência em construção, pois não busca verdades absolutas e eternas, que a conquista de seu método cientifico ainda não é completa e que os historiadores ainda estão descobrindo os meios de análise adequados ao seu objeto".
Se a base de toda ciência são as provas, podemos provar nossas teses e teorias utilizando as concepções dos pesquisadores que vieram antes de nós. Na História cientifica, utilizamos as fontes históricas e o método de análise das fontes para só depois construir o texto historiográfico. Os historiadores não podem testar um fato humano do passado ou do presente, mas pode analisá-lo e interpretá-lo através do Método da História.
Os grandes intelectuais do século XIX e XX tais como: Albert Einstein que recebeu o Nobel de Física em 1921, por desenvolver a teoria da relatividade. Karl Marx fundador da doutrina Comunista, como pensador influenciou várias áreas como a Filosofia, História, Sociologia, Antropologia, Ciência Política, etc. Em uma pesquisa da rádio BBC de Londres em 2005, foi eleito o maior filósofo de todos os tempos. Max Weber, considerado um dos fundadores da Sociologia. Émile Durkheim, fundador da escola francesa de sociologia, conhecido com um dos melhores teóricos do conceito de coesão social. Nelson Mandela, Stive Biko, Jonh Kennedy, Mahatma Gandhi, Jonh Lennon, Adolf Hitler entre outros fizeram história e mudaram o mundo.
Baixar uma lista de nomes precisaria de vários quilômetros de papel. Todos esses homens atuaram nas mais variadas áreas e influenciaram gerações por décadas a até hoje continuam a influenciar. Foram homens que com suas ações no tempo, deixaram um legado para a geração presente e para as outras que ainda virão. Um legado que pode ser utilizado pelas diversas áreas seguindo algumas regras e normas para se tornar ciência.
Voltaire, um dos maiores filósofos do século XIX demonstrou grande preocupação com a reflexão histórica. O Professor Robson Costa nos revela um fato de que Voltaire, em busca de fontes para suas indagações, foi até um mosteiro beneditino para se utilizar de sua vasta biblioteca. Em seu texto ele questiona: o que faria um Iluminista, grande crítico da igreja, se beneficiando da organização e preservação documental de um velho mosteiro? No mesmo texto, encontramos a resposta dada por ele: “ir ao inimigo para se prover de seu arsenal”.
Costa (2010) frisa que refletir e compreender a evolução das civilizações estava no cerne da utilização das fontes históricas, e finaliza destacando que nas últimas décadas, uma nova geração de historiadores lançou as bases de uma “nova história” afastando-se definitivamente da crônica, da literatura, dos sentimentos. O modelo que passa a ser seguido deixa de ser aquele praticado pelos romancistas e passa a ser o das ciências naturais.

Referências Bibliográficas

BORGES, Vavy Pacheco. O que é história. São Paulo; Brasiliense, 2005.

BLOCH, Marc. História e historiadores. Lisboa, Teorema, 1998

CARDOSO, Ciro Flamarion. Uma introdução a História. São Paulo: Ed. Brasiliense, 1984.

CORDOVA, Maria Julieta Weber. A cientificidade da história. (UEPG) Artigo Regional, 2006.
Disponível em: http://www.artigonal.com/ciencia-artigos/a-cientificidade-da-historia-a-fronteira-entre-a-ciencia-e-a-historia-1935027.html
Acesso em: 16 de Nov. 2010 às 14:25

COSTA, Robson. Introdução aos estudos históricos. UFRPE/UAB-EAD. Livro 1.Recife, 2010.

GRESPAM, Jorge. Considerações sobre o método. In: PINSKY, Carla Bassanezi (org.). Fontes históricas. São Paulo: Contexto, 2005.

MOSCOVICI, Serge. Representações Sociais: investigação em psicologia social. 3ª Ed. Petrópolis: Vozes, 2003, p. 60.

VEYNE, Paul. Como se escreve a história. São Paulo: Martins Fontes, 1971.

VIEIRA, Maria do Pilar de Araújo; PEIXOTO, Maria do Rosário da Cunha; KHOURY, Yara Maria Aun. A pesquisa em História. São Paulo: Ática, 2005.