O filme relata, de forma até sutil, se for comparada aos relatos dos guarani atualmente, um dos muitos massacres impostos aos povos indígenas, neste caso, ao que hoje se conhece por Tríplice Fronteira entre o Brasil, Paraguai e Argentina.
Não sei se por conhecer um pouco da história da Guerra Guaranítica, por meio dos relatos dos guaranis que habitam ainda hoje aquela região, e com os quais mantenho contato periódico, ainda não consigo contemplar que tipo de aprendizado este evento trouxe para os ainda membros da classe dominante, que deixaram tão somente de ser vestir como bandeirantes, e hoje usam colarinho e gravata, e tem seus altos salários pagos por pessoas como eu e a senhora.
Os massacres continuam, a ocupação dos territórios continua, as invasões de religiosos, que só mudaram o nome de jesuítas para vários outros codinomes permanece, tentando impor seu deus, suas crenças, seus valores e sua cultura aos guarani do Rio Grande do Sul, do Paraná, de Santa Catarina, e aos que vivem do outro lado do rio Uruguai, após expulsos do território brasileiro por conta do Tratado de Madrid.
Neste último inverno, vivemos um dos piores períodos da década. Fome e frio trouxeram dor e morte aos guarani, que vivem em pequenos trechos de terra, marcados pelo governo, acuados, tratados mais uma vez, tal qual relata o filme, como animais selvagens.
Em São Miguel (antes chamada de Caiboté Grande), ainda se pode ver as ruínas de uma das construções jesuíticas erguidas pelos nativos, bem como um monumento de aproximadamente cinco (05) metros, para lembrar as milhares de vidas que foram ceifadas, os guarani vivem como mendigantes. Não há caça, não há pesca, e o pouco que lucram com o artesanato que fabricam, muito mal lhes garante a alimentação.
O principal aspecto sensacionalista do filme, para mim, é a penitência a que se submete o Capitão Rodrigo Mendonza (comportamento ensinado e adotado pela igreja). Sem pretensão de estender esta critica, por enquanto, recentemente morreu um padre em Recife após se submeter a um auto-flagelo. Nota-se que a “ideologia” da igreja pouco (ou nada) avançou ao longo dos séculos. Perdoe-me, mas não acredito mais em Papai-Noel!
Há um consenso entre todos os criticos que já escreveram sobre este filme, similar ao que pensam indigenistas, dentre os quais me incluo: A Missão relata através da história da Missão de São Carlos comandada pelo Padre Gabriel (Jeremy Irons) todos os meandros da colonização desenfreada da América do Sul. Podemos ver no filme a discriminação que os índios sofriam dos colonizadores que os tratavam como meros “animais selvagens”; a escravidão que foi imposta a uma enorme quantidade deles; a luta pelo controle de terras indígenas colonizadas; a Igreja que praticamente os abandonou quando viu que estava perdendo o controle (leia-se poder) na região, e simplesmente deixou acontecer os massacres; e, claro, os jesuítas que acabaram se voltando contra os colonizadores e contra a própria Igreja, na busca pela proteção dos índios e de suas terras.
Depois dessa cena com o padre sendo jogado no rio, somos apresentados ao personagem de Jeremy Irons, padre Gabriel. Um missionário jesuíta que vai tentar um contato com uma tribo de índios guaranis. Começamos vendo a dificuldade que ele tem para chegar ao local onde está a tribo, quando tem que atravessar um rio, escalar uma cachoeira e depois adentrar a floresta. E é quando Gabriel encontra os índios que temos uma cena onde já se destaca um dos elementos chaves do filme: A Música.
Tendo a dificuldade de comunicação com eles, pela falta de conhecimento de seu dialeto, Gabriel apela para uma flauta. Ele toca uma música que desperta a curiosidade dos índios, que mesmo após a ira de um deles (um índio mais velho da tribo quebra a tal flauta) acabam por aceitar a presença dele. O problema de comunicação que poderia haver, não existe mais; e esse é o primeiro elo que se forma entre o padre e os índios.
Numa dessas cenas, ele coloca em frente de uma platéia um pequeno índio cantando, e logo se vê como algumas pessoas ficam maravilhadas ao ouvir um índio cantando de tal forma. São cenas como essa que o filme mostra a música como sendo uma linguagem universal que ultrapassa barreiras culturais, de linguagens, de idiomas e dialetos. A trilha sonora é um dos alicerces de “A Missão”.
Não sei se por conhecer um pouco da história da Guerra Guaranítica, por meio dos relatos dos guaranis que habitam ainda hoje aquela região, e com os quais mantenho contato periódico, ainda não consigo contemplar que tipo de aprendizado este evento trouxe para os ainda membros da classe dominante, que deixaram tão somente de ser vestir como bandeirantes, e hoje usam colarinho e gravata, e tem seus altos salários pagos por pessoas como eu e a senhora.
Os massacres continuam, a ocupação dos territórios continua, as invasões de religiosos, que só mudaram o nome de jesuítas para vários outros codinomes permanece, tentando impor seu deus, suas crenças, seus valores e sua cultura aos guarani do Rio Grande do Sul, do Paraná, de Santa Catarina, e aos que vivem do outro lado do rio Uruguai, após expulsos do território brasileiro por conta do Tratado de Madrid.
Neste último inverno, vivemos um dos piores períodos da década. Fome e frio trouxeram dor e morte aos guarani, que vivem em pequenos trechos de terra, marcados pelo governo, acuados, tratados mais uma vez, tal qual relata o filme, como animais selvagens.
Em São Miguel (antes chamada de Caiboté Grande), ainda se pode ver as ruínas de uma das construções jesuíticas erguidas pelos nativos, bem como um monumento de aproximadamente cinco (05) metros, para lembrar as milhares de vidas que foram ceifadas, os guarani vivem como mendigantes. Não há caça, não há pesca, e o pouco que lucram com o artesanato que fabricam, muito mal lhes garante a alimentação.
O principal aspecto sensacionalista do filme, para mim, é a penitência a que se submete o Capitão Rodrigo Mendonza (comportamento ensinado e adotado pela igreja). Sem pretensão de estender esta critica, por enquanto, recentemente morreu um padre em Recife após se submeter a um auto-flagelo. Nota-se que a “ideologia” da igreja pouco (ou nada) avançou ao longo dos séculos. Perdoe-me, mas não acredito mais em Papai-Noel!
Há um consenso entre todos os criticos que já escreveram sobre este filme, similar ao que pensam indigenistas, dentre os quais me incluo: A Missão relata através da história da Missão de São Carlos comandada pelo Padre Gabriel (Jeremy Irons) todos os meandros da colonização desenfreada da América do Sul. Podemos ver no filme a discriminação que os índios sofriam dos colonizadores que os tratavam como meros “animais selvagens”; a escravidão que foi imposta a uma enorme quantidade deles; a luta pelo controle de terras indígenas colonizadas; a Igreja que praticamente os abandonou quando viu que estava perdendo o controle (leia-se poder) na região, e simplesmente deixou acontecer os massacres; e, claro, os jesuítas que acabaram se voltando contra os colonizadores e contra a própria Igreja, na busca pela proteção dos índios e de suas terras.
Depois dessa cena com o padre sendo jogado no rio, somos apresentados ao personagem de Jeremy Irons, padre Gabriel. Um missionário jesuíta que vai tentar um contato com uma tribo de índios guaranis. Começamos vendo a dificuldade que ele tem para chegar ao local onde está a tribo, quando tem que atravessar um rio, escalar uma cachoeira e depois adentrar a floresta. E é quando Gabriel encontra os índios que temos uma cena onde já se destaca um dos elementos chaves do filme: A Música.
Tendo a dificuldade de comunicação com eles, pela falta de conhecimento de seu dialeto, Gabriel apela para uma flauta. Ele toca uma música que desperta a curiosidade dos índios, que mesmo após a ira de um deles (um índio mais velho da tribo quebra a tal flauta) acabam por aceitar a presença dele. O problema de comunicação que poderia haver, não existe mais; e esse é o primeiro elo que se forma entre o padre e os índios.
Numa dessas cenas, ele coloca em frente de uma platéia um pequeno índio cantando, e logo se vê como algumas pessoas ficam maravilhadas ao ouvir um índio cantando de tal forma. São cenas como essa que o filme mostra a música como sendo uma linguagem universal que ultrapassa barreiras culturais, de linguagens, de idiomas e dialetos. A trilha sonora é um dos alicerces de “A Missão”.
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